quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

"O passado é como o mar: nunca sossega. As casas encolhem. como os velhos, ao passo que as árvores crescem sem parar. Quando regressamos, decorridos muitos anos, aos lugares da nossa infância encontramos árvores gigantescas e sufocando de terror à sombra delas as casas minúsculas que um dia foram nossas. Mal reconhecemos a cama de bonecas em que dormimos quando éramos crianças, ou o quintal, que sempre julgámos ser imenso, e que tem, afinal, apenas dois palmos de fundo.
O meu pai dizia-me:
- A vida é uma corrida, meu filho. Quem olha para trás enquanto corre arrisca-se a tropeçar.
Eu não olho para trás. Avanço por vezes de olhos fechados, e tropeço, como os outros, e eventualmente caio, mas não olho para trás. Nunca fui pessoa de cultivar saudades. Não colecciono álbuns de fotografias, e jamais guardei pétalas secas entre as páginas de velhos livros. Sigo sempre em frente. Quando me perguntam para onde vou encolho os ombros. Rio-me:
- Adiante."


José Eduardo Agualusa in Passageiros em Trânsito






Se calhar o meu problema é olhar constantemente para trás, ficar presa ao passado e viver com ele no presente. Preciso de me soltar de tudo o que aconteceu no passado e seguir a vida em frente. No entanto adoro recordar experiências que deixam saudades, adoro folhear os meus álbuns e vivenciar experiências passadas. 

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